40 estabelecimentos de portugueses pilhados em Valencia

Autoridades lusitanas acompanham caso e pedem apoio às autoridades

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CORREIO/LUSA/DN

Após quatro dias de distúrbios em Valencia, Estado de Carabobo, pelo menos 40 estabelecimentos comerciais e empresas de propriedade de portugueses tinham sido pilhadas. A informação foi avançada ao CORREIO pelo Consulado Geral de Portugal na cidade na sexta-feira 5 de maio, embora ainda não fossem dados definitivos.

Funcionários do consulado elaboraram uma lista dos comércios afetados e asseguraram que até ao momento têm dez ou vinte localizados, sendo que este número deve rondar os 40 estabelecimentos. O Consulado enviou notas ao Governo de Valencia e À Polícia Estatal com a finalidade de pedir proteção aos estabelecimentos e reposição da ordem pública, mas ainda não obteve resposta.

Fontes da comunidade portuguesa local avançaram à Agência Lusa que entre os estabelecimentos comerciais saqueados no estado encontram-se sete padarias, três delas em Naguanágua, duas em Tucuyito, uma em Flor Amarillo e uma em Los Guayos. No entanto, há ainda a registar um talho, uma mercearia e um supermercado em La Isabelica. A imprensa local dá conta de que desde 2 de Maio último na cidade de Valência, pelo menos 90 estabelecimentos comerciais foram saqueados.

Dois dos estabelecimentos pilhados mais emblemáticos foram os da Central Madeirense, na Isabélica, e a empresa Mocasa, na Bella Florida. O primeiro foi na quarta 3 de maio e foi aproveitado por outras pessoas para pilhar outros estabelecimentos comerciais próximos do setor.

Quinta-feira centenas de pessoas saqueavam a fábrica de massa Mocasa, na avenida principal de Bella Florida, em La Guacamaya, e registaram-se concentrações junto de um distribuidor local de massas Alliegri, com populares a forçarem os portões e subtraíram, às costas, em bicicletas e em viaturas, pacotes daquele produto.

Comerciantes locais dão conta de que, nos últimos três dias, foram ainda saqueadas lojas de câmaras de segurança, electrodomésticos, roupa, sapatarias, de bebidas alcoólicas, de peças de reposição e de pneus, entre outras. Entretanto funcionários da Polícia de Carabobo e da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) tentar controlar a situação e impedir novas pilhagens.

Damiano del Vescovo, presidente de Fedecámaras Carabobo, informou que apenas 10% dos estabelecimentos abriu as suas portas depois dos destroços dos últimos dias. Ainda, declarou que teve 80% de absentismo laboral, porque apenas 5% das unidades de transporte coletivo está nas ruas.

Em diferentes zonas de Valencia, vizinhos com receios pelos rumores que circulam nas redes sociais, onde se afirmava que grupos invadiriam as suas urbanizações, fecharam as ruas com barricadas, com as que tentaram evitar ataques de civis armados.

Plano Zamora

Tudo o que está ocorrer nalguns municípios de Carabobo faz parte de um plano organizado pelo Governo venezuelano. “Chama-se Plano Zamora”, explica um professor universitário, em Valencia, e que prefere manter-se no anonimato.

 “O nome desse plano é uma mostra perfeita do cinismo do regime: Zamora dirigiu pessoalmente os ‘saqueios’ e os assassinatos, tanto nas guerras campestres no período dos Monagas, como durante a Guerra Federal”, explica o professor. “Foi ele, Zamora, que ordenou o incêndio de Sabana de El Corozo. Foram saqueios, incêndios, assassinatos, caos e terror: isso é o Plano Zamora e esta zona de Carabobo é um ensaio, um plano-piloto.”

“A comunidade madeirense está muito afectada, espera-se que o Exército tome Carabobo. Tudo porque as ultimas manifestações movimentaram muitas pessoas e o governador, contrariado, chamou os ‘colectivos’ (delinquentes armados pelas próprias autoridades, que lhes facultam também motorizadas) para começarem a saquear tudo a direito”, disse o professor.

 37 mortos e mais de 1.300 detidos

As manifestações contra e a favor do Presidente Nicolás Maduro, intensificaram-se desde há um mês na Venezuela, tendo ocasionado pouco menos de 40 mortos, centenas de feridos e mais de 1.300 detidos.

A oposição reclama a libertação dos presos políticos, a convocação de eleições gerais, o fim da repressão e manifesta-se ainda contra duas sentenças do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que limitam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assume as funções do parlamento.

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