“Agora sim estou bem”

Maria Teresa Macedo Pereira Corte tem 75 anos de idade e continua a sorrir para a vida.

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Andreina de Abreu
dosreis.andreina@gmail.com

A sua infância na Ribeira Brava, ilha da Madeira, não foi fácil. Maria Teresa Macedo Pereira Corte, nascida a 15 de Dezembro de 1933, conta que «era muito pobre. Não tinha sequer sapatos para usar». Felizmente, teve a oportunidade de ir à escola, mas fugia porque não gostava de estar ali.

Desde muito cedo que se reunia com as companheiras para rezar. «Era pequena, mas aprendi para poder fazer a Primeira Comunhão». Outra das coisas que mais gostava de fazer desde cedo era bordar. Tem uma habilidade incrível para sentar-se pacientemente durante horas a embelezar as telas com uma técnica impecável.

Aos 24 anos de idade, casou-se com Raúl da Corte. Ele trabalhava perto da casa onde Teresa vivia. «Apaixonámo-nos e casámo-nos depois de termos sido noivos durante uns oito meses». Recém-casados, viveram um mês na sua própria casa, depois Teresa mudou-se para casa dos pais. O marido veio para a Venezuela pouco depois de terem casado. Quando Teresa tinha 26 anos, a sua mãe faleceu.

Esperou em Portugal pelo marido cerca de quatro anos. Durante esse tempo, estiveram juntos apenas uma vez, quando ele conseguiu visitá-la. Quando o marido regressou à Venezuela, Teresa estava grávida. «O bebé nasceu morto. Estive um dia com o bebé morto na minha barriga. O médico me apertou para poder tirá-lo porque nessa época não se podia fazer uma cesariana.»

Em 1963, Teresa rumava à Venezuela no navio Santa Maria, para o porto de La Guaira. O marido mandou-a buscar quando já tinha alguma estabilidade económica. A primeira coisa que pensou ao descer do navio cerca das sete da manhã foi «Deus meu, para onde vim eu?». Recorda que na época havia muitos bairros de um lado e do outro. «O meu marido recebeu-me no porto», acrescentou.

Passou a viver num apartamento mesmo ao lado do supermercado que o marido tinha adquirido. «Dediquei-me a limpar e a lavar em minha casa porque Raul não queria que eu trabalhasse.» Um ano depois, deu à luz à sua primeira filha, Teresa. No ano seguinte, nasce a segunda filha, Maria José. Uns anos mais tarde, nasceu Tati.

Quando as filhas tinham apenas 12, 11 e 8 anos de idade, respectivamente, o pai morreu com uma doença no fígado. «Trabalhava de noite e de dia para poder ajudar as minhas filhas a evoluir», conta Teresa. Dedicou-se à limpeza numa casa em Chacao, no edifício onde morava e numa clínica. «Recordo que havia um senhor muito amigo do meu marido que trabalhava no Congresso. Ele ajudava-me a comprar a lista de ‘útiles’ às meninas».

Em diversas ocasiões, arrependeu-se de ter vindo para a Venezuela. «Sabes o que é ter três filhas e não ter nada para lhes dar?», questionou. No entanto, hoje tem oito netos e dois bisnetos e afirma que «agora sim estou bem».

Moderna, com sentido de humor e muito optimista, agradece o facto de ter uma família unida. Com nostalgia, disse que «sinto sempre a falta de Portugal». Já foi à Madeira em duas ocasiões para visitar a sua terra. E diz com firmeza: «Não queria regressar. Amo Portugal».

[quote_box_left]Nome: Maria Teresa Macedo Pereira Corte
Data de nascimento: 15-12-1933
Filhas: Teresa, Maria José, Tati
Chegada à Venezuela: 1963[/quote_box_left]

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