Daniel Morais faleceu a 24 de Agosto de 2007, deixando uma obra que perdurará pela eternidade, pois não somente se ocupou de promover a divulgação da arte e literatura na Venezuela e Portugal, como também semeou em milhares de pessoas o amor pela cultura, ao mesmo tempo que deu um exemplo de ética e rectidão.
Morais nasceu em Almada, no distrito de Setúbal, a 11 de Novembro de 1924. Desde muito novo que começou a interessar-se pelas letras e estudos internacionais. Numa entrevista concedida ao CORREIO recordou assim o seu tempo de juventude: “Aprendi que nos livros guarda-se a memória dos povos e também se constroem os fundamentos para o futuro das sociedades. Por isso, sempre trabalhei para difundir tudo quanto entesoura a nossa cultura, para que esse conhecimento não ficasse apenas nas bibliotecas e pudesse sair à rua”.
Desde a sua chegada à Venezuela, Morais procurou mostrar o melhor do seu país de origem, o que conseguiu com a revista ‘Ecos de Portugal’, que ajudou a manter unida a comunidade lusa, informando sobre os acontecimentos que ocorriam tanto em Portugal como acerca do que iam fazendo os seus compatriotas que se haviam mudado para a América do Sul.
Morais também contribuiu para cimentar a união dos luso-venezuelanos, com a promoção e fundação do Centro Português, em Caracas, espaço que desde o início se converteu num ponto obrigatório para todos aqueles que tinham assumido a Venezuela como a pátria adoptiva. Com o tempo, este centro foi consolidando a sua importância em diversos capítulos do quotidiano da comunidade lusa na Venezuela. Hoje é considerado um dos mais importantes das comunidades portuguesas espalhadas pelos quadros cantos do planeta.
Mas Daniel Morais não se ficou por aqui. Também procurou uma forma para expandir a cultura da sua nação natal na Venezuela, ao fundar o Instituto Português de Cultura, entidade a partir da qual pôde trazer ao país diversas figuras das letras e das artes portuguesas, difundido a sua qualidade e virtudes às novas gerações. Entre as personalidades que trouxe à Venezuela, que foram mais de trinta intelectuais reconhecidos, encontra-se José Saramago e Francisco José Viegas.
Integrou ainda a direcção da Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Luso Venezuelana, enquanto procurava cimentar o ensino da língua portuguesa e actuar como motor de múltiplas actividades realizadas na Escola de Idiomas da Universidade Central da Venezuela.
No capítulo diplomático, Morais iniciou, em 1989, uma colaboração como Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal na Venezuela, cargo através do qual brindou um apoio incondicional tanto aos portugueses e seus descendentes, como também para os venezuelanos interessados em aprofundar os seus conhecimentos acerca da pátria de Camões e Pessoa.
Daniel Morais faleceu em Caracas aos 82 anos de idade. O seu corpo foi velado no Centro Português da capital, onde muitos membros e representantes da comunidade luso-venezuelana lhe renderam homenagem e demonstraram amplas provas de carinho e reconhecimento. Morais, que era viúvo, deixou três filhos, que tanto em Portugal como na Venezuela mantêm o seu legado.