VALÉRIA COSTA
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Há 30 anos, a serem completados no próximo mês de julho, o microempresário Avelino Barbosa Moraes, de 52 anos, começou a escrever a sua história na Venezuela, específicamente na ilha de Margarita. Natural do distrito de Braga, o sonho por uma vida melhor o trouxe a este país cheio de esperanças, quando tinha apenas 22 de anos de idade. Recém-casado em Portugal, ali deixou sua senhora e seu filho Ricardo, ainda bebê e veio tentar a sorte em solo americano.

Sem uma profissao específica, o primeiro trabalho de Avelino em Margarita foi na construçao civil – setor que pulsava naquele momento – como ajudante de pedreiro. “Nao era nem sequer pedreiro. O pouco que aprendi foi na prática”, conta. A solidao nao foi tao grande porque por aqui já se encontrava um cunhado que o ajudou a se instalar e a encontrar tabalho no setor construtivo. Entretanto, um ano e meio mais tarde, ele regressou à sua terra para buscar a família em definitivo.

A vida, ao longo desses 30 anos, nao foi fácil para a jovem família, mas com muita fé, perseverança e trabalho, conseguiram lograr seus objetivos e sonhos na terra de Bolívar. Atualmente, Avelino Barbosa dirige sua própria empresa de distribuiçao de víveres em Porlamar, Margarita e seus dois filhos, já adultos, estao encaminhados na vida ambos graduados em cursos superiores.

DE GRAO EM GRAO
Mas o caminho para a estabilidade financeira foi galgada de forma gradual. Durante quatro anos, ele conseguiu sustentar a família trabalhando em diversas obras de porte pequeno, como cosntruçoes de casas e residenciais e sua mulher ajudando-o como caseira de um edifício. No entanto, ao longo desse período, nos primeiros anos da década de 1980, o setor construtivo entrou em crise em todo o país, afetando inúmeros postos de trabalho. Por conta desse panorama, seu Avelino permaneceu quatro meses desempregado sem nenhuma perspectiva à sua frente. Foi quando ele, inteligentemente, deu uma guinada em seu modus operandis.

“Naquela época, com recursos que havia poupado, comprei um carro modelo pick-up e comecei a vender pasta (macarronadas) em domícilio”, relembra. Daí, foi um salto para trabalhar fixo dentro de uma pequena empresa de distribuiçao de alimentos. Avelino conta que conheceu um empresário deste setor e começou a trabalhar em sua companhia como motorista e, ao longo de mais de 20 anos foi crescendo dentro da empresa, galgando postos que, mais tarde, serviram de base prática para poder manejar a sua própria empresa.

O microempresário relata que, de motorista passou a vendedor, depois chefe de depósito e, com mais confiança, alcançou o posto de chefe de compras no setor administrativo da companhía. O crescimento de Avelino foi tao a olhos vistos que, em dado momento, ele chegou a ter 15% de açoes da empresa, atuando como um dos sócios do estabelecimento. Daí para ter seu próprio negócio foi apenas questao de tempo.

Há quatro anos, em 2005, a sociedade naquela empresa terminou e Avelino – que estudou apenas até à 4ª classe em Portugal – realizou o sonho de trabalhar por conta própria, criando sua microempresa de distribuiçao de alimentos, onde possui aproximadamente 30 funcionários.

Ele afirma que todas as noçoes de administaçao, contabilidade, economia e o próprio ato empresarial foi aprendendo com a prática durante esses anos todos e lamenta o atual panorama financeiro-político em que o país se encontra, visto que muitas medidas tomadas pelo Executivo Nacional acabam por coibir a expansao das empresas, principalmente de pequenas como a dele. “Acredito que tem que haver o livre comércio, a oferta-demanda”, acrescenta.

GRATIDAO
Avelino Barbosa afirma a sua gratidao para com a Venezuela e reconhece que aprendeu muito aqui nesses últimos 30 anos, inclusive, frisa, como ser humano, pois com a convivência com os “latinos”, aprendeu a querer mais as pessoas, visto que possuem um comportamento mais aberto e cálido. “Devo muito a esse país e retornar em definitivo a Portugal, hoje, seria começar de novo. Penso que nunca devemos dizer ‘dessa água nao beberei’, mas deixar a Venezuela se tornou difícil”, diz.

Ele afirma nunca ter se arrependido de ter emigrado para cá, apesar de que quando desembarcou no aeroporto de Maiquetía deve muita vontade de regressar de imediato para sua terra. “Foi uma mudança muito drástica”, analisa. Todos os anos viaja com sua esposa para Portugal, mas ele relembra que já passou 12 anos sem pisar em solo português e, inclusive, sem sair de Margarita, apenas trabalhando e trabalhando.

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