A portuguesa Florbela Espanca é o tema central desta edição. Poetisa, escritora de contos e epístolas (escrita dirigida a uma pessoa ou grupo de pessoas, geralmente uma carta didáctica sobre ética ou um tema filosófico), colaboradora em jornais, tradutora de vários romances e professora particular de Português.
Espanca nasceu a 8 de Dezembro de 1984 em Vila Viçosa, Alentejo. Os seus primeiros textos datam de 1903-1904, com ‘A Vida e a Morte’, e em 1907 escreveu o seu primeiro conto. ‘Mamã!’. Foi uma das primeiras mulheres em Portugal a ingressar no secundário, e uma das poucas mulheres a inscrever-se na Faculdade de Direito na Universidade de Lisboa.
Durante os seus estudos, instruiu-se com as obras de grandes autores, como Camilo Castelo Branco, Balzac, Dumas, entre outros. Em 1916, reuniu uma selecção de poemas e de alguns contos. Colaborou como escritora num suplemento de ‘O Século de Lisboa’, chamado Modas & Bordados, no Notícias de Évora e em A Voz Pública.
Em 1919, saiu a primeira obra de Espanca, ‘Livro de Mágoas’, dedicada aos sonetos, e a tiragem esgotou-se rapidamente (por certo, esse e o ‘Livro de Sóror Saudade’ (1923) foram os dois livros publicados em vida). Em 1922 publicou ‘Prince charmant…’, dedicado a Raul Proençany, e em 1927 colaborou na publicação dirigida por José Emídio Amaro.
Em homenagem ao seu irmão, escreveu uma série de contos, ‘As Máscaras do Destino’, mas foi publicado postumamente, assim como ‘Charneca em Flor’ (1931), ‘Juvenília’ (1931) e ‘Reliquiae’ (1934). A sua obra poética foi reunida por Guido Battelli em ‘Sonetos Completos’ e publicado pela primeira vez em 1934, e as primeiras publicações foram compiladas por Mária Lúcia Dal Farra, que editou, em 1994, ‘Trocando Olhares’.
No campo musical, também se podem encontrar os seus versos , como na cantora brasileira Nicole Borguer, que, em 2001, estreou o seu primeiro álbum, ‘Amar – Um Encontro com Florbela Espanca’, musicalizando diversos sonetos da poetisa. Também a fadista Mariza deu voz aos versos de Espanca, assim como o grupo musical português Trovante, com o soneto ‘Ser poeta’:
“Ser poeta é ser mais alto, é ser maior/ Do que os homens! Morder como quem beija!/ É ser mendigo e dar como quem seja/ Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!/ É ter de mil desejos o esplendor/ E não saber sequer que se deseja!/ É ter cá dentro um astro que flameja,/ É ter garras e asas de condor!/ É ter fome, é ter sede de Infinito! (…)”