Gustavo Dudamel muda-se para a Filarmónica de Nova Iorque

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O carismático maestro venezuelano Gustavo Dudamel será, a partir de 2026, o director musical e artístico da Filarmónica de Nova Iorque. Ao mudar de costa, trocando a Califórnia — dirigia a Filarmónica de Los Angeles desde 2009 — por Manhattan, tornar-se-á o primeiro maestro da América Latina a dirigir a instituição, numa linhagem que já soma 26 nomes e que se iniciou em 1842, com a fundação da orquestra.

É “uma grande jogada”, comenta o The New York Times ao propósito da nova contratação da orquestra de Nova Iorque, a mais antiga do país e que já foi dirigida por figuras como Gustav Mahler, Arturo Toscanini, Leonard Bernstein ou Pierre Boulez. Já o El País titulou a notícia do feito como se se tratasse de um negócio do mundo do futebol: «Gustavo Dudamel assina com a Filarmónica de Nova Iorque.»
“O que vejo é uma orquestra incrível em Nova Iorque e muito potencial para desenvolver algo importante. É como abrir uma nova porta e construir uma nova casa. É um momento bonito”, disse em entrevista ao jornal norte-americano aquele que é hoje considerado um dos maestros mais célebres e respeitados mundialmente, e que agora se prepara para substituir Jaap van Zweden. Dudamel, de apenas 42 anos, é uma pop star do mundo da música clássica, dirigindo as orquestras por onde passa com uma invulgar atitude descontraída e um quase permanente sorriso no rosto.
Na costa oeste, a sua partida significa um golpe para a cidade, onde Dudamel ajudou a construir uma cena musical dinâmica, convertendo a Filarmónica de Los Angeles, segundo o New York Times, numa das mais inovadoras e lucrativas orquestras dos EUA.
A jogada deve-se a Deborah Borda, a presidente da Filarmónica de Nova Iorque que anteriormente esteve à frente da Filarmónica de Los Angeles. Antes de abandonar as suas funções na instituição californiana, em meados deste ano, conseguiu repetir a estratégia que há 14 anos lhe permitiu contratar Dudamel para fazer brilhar o renovado Walt Disney Concert Hall de Los Angeles. Agora, espera-se que o venezuelano de 42 anos faça o mesmo — ou mesmo mais — na capital cultural do país.
O anúncio chega poucos meses depois da reabertura da sede da Filarmónica de Nova Iorque, o David Geffen Hall, situada no Lincoln Center, após uma renovação que custou 550 milhões de dólares.
“Gustavo Dudamel tornar-se o próximo maestro da Filarmónica de Nova Iorque é um acontecimento sísmico para a cena cultural da cidade”, escreveu o crítico Zachary Woolfe no New York Times. E a expectativa não é pouca: “Será que Dudamel pode ser o novo Bernstein de Nova Iorque?”, pergunta, referindo-se ao sucesso da orquestra nos anos 60 junto de um público mais alargado, façanha de que Bernstein, também compositor, foi o grande motor.
Gustavo Dudamel acumulará o cargo em Nova Iorque com o de director musical da Ópera Nacional de Paris, com a qual tem contrato assinado até 2027. E, como sempre, continuará a colaborar com as orquestras do El Sistema, na Venezuela, projecto que tem como objectivo reabilitar através da música jovens de meios sociais desfavorecidos.

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