Ommyra Moreno Suárez
O futebolista venezuelano Homero Calderón chegou a Portugal no ano de 2016, tendo assinado pelo Futebol Clube de Vizela. Desde então, Calderón, que jogou na temporada anterior na equipa bracarense Merelinense Futebol Clube, teve de passar por um «processo de adaptação» para poder pôr em prática o que aprendeu no Deportivo Lara, num terreno de jogo muito diferente. «O processo de adaptação foi um pouco difícil, pois tinha acabado de jogar na Venezuela e há muitas coisas diferentes, mas com o tempo fui-me adaptando e consegui ficar num nível muito bom», afirmou o jogador de 24 anos de idade, natural de Valencia, Estado de Carabobo, numa entrevista ao CORREIO.
Os seus primeiros passos no futebol foram na Irmandade Galega de Valencia, com apenas cinco anos de idade. «A minha paixão pelo futebol começou cedo e porque a minha família sempre gostou de desportos e todos jogavam futebol», lembra. Enquanto jogava na categoria sub-17, jogou para o Caracas Fútbol Club durante uma temporada e voltou para o Valencia para se estrear na segunda divisão com o Sport Club Guaraní. Em 2012, Homero Calderón decidiu juntar-se ao Atlético Venezuela por dois anos, até que surgiu a oportunidade, aos 20 anos de idade, de jogar pela primeira vez fora da Venezuela na primeira divisão da equipa Doxa Katokopias do Chipre. Em 2015, o valenciano regressa ao futebol venezuelano pelo Deportivo Lara até 2016, quando foi contactado para se juntar à segunda divisão do futebol português. «Esta oportunidade de jogar em Portugal surgiu quando joguei no Chipre. Eu tinha vários colegas de equipa portugueses e um deles muito conhecido, com grande experiência em futebol português e estrangeiro, gostava muito da minha maneira de jogar muito», afirmou.
Na sua carreira como futebolista em Portugal, o antigo vermelho-e-preto destaca a atuação de jogadores em clubes portugueses e a paixão que há no país no que diz respeito ao futebol. «O que mais me impressiona no futebol português é a quantidade de bons jogadores que há. Eu joguei duas categorias diferentes de segunda divisão e segunda B, e em qualquer uma delas há jogadores que podiam muito bem jogar na primeira, aqui ou no estrangeiro. Por todas as equipas por onde passei aprendi coisas novas. No Deportivo Lara aprendi que não é necessário ter uma equipa com jogadores com «experiência» para atingir metas e na Vizela aprendi a viver realmente o futebol. Estou num país onde se respira futebol e tive a oportunidade de jogar talvez numa das ligas mais competitivas do mundo», declarou.
«As minhas perspetivas são sempre altas»
Apesar de fazer o que gosta, o jogador de meio-campo recorda o seu país com nostalgia e não descarta a possibilidade de regressar. «Da Venezuela, sinto falta de tudo, do amor do povo, da comida, da minha família, dos meus amigos. Agora estamos a passar por uma situação horrível, mas com fé um dia isso vai mudar e poderemos nos encontrar de novo lá (…). As minhas perspetivas são sempre muito altas, sonho em jogar no Vinotinto e conseguir atingir o mais alto nível do futebol, e para isso trabalho todos os dias. O futebol venezuelano precisa de muitas coisas, mas é verdade que a situação no país é muito mais difícil. A primeira coisa são as instalações dos clubes, há clubes que têm todas as suas comodidades, mas há outros que não as têm. Outra coisa muito importante é a categoria de menores, há o segredo para que o futebol venezuelano e o jogador venezuelano cresçam cada vez mais», afirmou.