A determinado momento das nossas vidas aprendemos o ABC da esperança. É fácil fazê-lo, desde a infância é quase instintivo ter fé e confiança. Esperar o melhor: O resultado de um exame médico, conseguir um emprego. A conquista de um amor. Sair do pesadelo que nos agonia através de um regime que detém o poder. Possivelmente aprendemos isso por osmose, copiando o modelo dos nossos pais, por experiência, por instinto ou por qualquer outra razão. Mas para dizer a verdade, nunca estivemos preparados, nem o estaremos, para ver e sentir na própria carne o pesadelo, o desastre que ainda sentem os cubanos com o seu regime totalitário, mais de 60 anos sob uma promessa de melhorar a sua qualidade de vida. Mas a pouco e pouco, eles vão saindo disso, e nós entrando. O defunto descobriu a água tépida com o comunismo. E isso de manter a esperança é simples pois não se trata de uma competição ou demonstração, de ver quem mantém, quem aprende a tê-la. Trata-se de compreender que conservá-la é uma viagem rumo a isso, justamente, não deixá-la ir nunca mais. É melhor tê-la. Com a esperança em mente, todos esperamos um resultado positivo. Ainda que pareça “fisiologicamente” impossível. Ainda que seja através de uma rede por onde passa um pequeno raio de luz. Por isso é excitante sair à sua procura. A esperança é um tesouro rodeado de obstáculos. Conservá-la é toda uma aventura, um enigma. Há que procurá-la com a determinação de um explorador cego. Ainda que seja através de atalhos. Antes do fim do caminho, certamente estaremos ondulando as bandeiras do triunfo. Durante todo o tempo, há que abrir-lhe todas as portas, as janelas. Não fechá-las jamais. Torná-la imortal, exercitar a sua capacidade de regenerar-se sempre, que regresse se tiver saído. Sonhar com ela com excitação lacerante, observando-a recostado na cama.