A comunidade luso-venezuelana espera que o Governo venezuelano autorize proximamente a TAP a realizar voos diretos entre Caracas e Lisboa, a exemplo do que já aconteceu com outras empresas aéreas e outros destinos, mas está apreensiva devido à proximidade do Natal.
“As viagens foram restringidas devido à pandemia da covid-19, mas tem havido abertura com relação a outros países. Para quem já está desde março de 2019 sem poder viajar é uma situação angustiante”, explicou o comerciante João Fernandes Silva à Lusa.
Natural da Madeira e radicado em El Junquito, este comerciante insiste que “a Venezuela deveria autorizar a TAP a realizar voos especiais pelo Natal, e deveria haver pressão diplomática nesse sentido”.
“Há voos para a República Dominicana, o México, a Turquia, de onde há ligação para Portugal. Agora a Ibéria, a Air Europa e a Plus Ultra já foram autorizadas a realizar voos entre Caracas e Madrid, porque não a TAP?”, questiona.
Com 67 anos de idade este madeirense diz que “é complicado para um ancião, fazer uma viagem de 11 horas e meia, entre Caracas e Istambul, esperar lá umas 5 horas para agarrar um avião, viajar outras 5 horas até Lisboa e depois ir para o Funchal”.
Segundo Fernandes pela República Dominicana “também não é fácil porque o voo demora quase 6 horas, é preciso ficar uma noite no hotel, depois fazer uma viagem de quase 9 horas até Madrid, e então voar para Lisboa e para o Funchal”.
“Depois está os preços porque não é fácil pagar mais de 2.500 euros por uma viagem para estar apenas alguns dias com a família, mesmo sob regras de biossegurança da covid-19”, frisou.
Por outro lado, Fernando Campos, conselheiro das Comunidades Portuguesas, explicou à Agência Lusa que “há muitas expetativas na comunidade, que pede aos gritos que a TAP regresse” à Venezuela.
“Foi difícil, mas as pessoas já entenderam que a culpa não é nem da TAP nem do Governo português, que há uma proibição do Estado venezuelano, desde o início da covid-19”, disse Fernando Campos.
Segundo este conselheiro a comunidade “sabe que a TAP não abandonará a rota a Caracas porque o Governo português não deixará”, apesar de “há alguns anos ter abandonado a rota de Joanesburgo”.
“Há também o tema dos preços porque historicamente a TAP sempre foi a companhia aérea mais custosa (…) Há grande expetativa que retome os voos a Lisboa, mas a preços competitivos, porque se a Ibéria e outras companhias podem ter preços justos, porquê a TAP não?”, questionou.
Por isso, este conselheiro apela “às autoridades diplomáticas portuguesas que continuem atentas a este assunto” que diz, “já não se trata de uma questão da covid-19, nem de que são países amigos, é uma questão de acordos”.
“Que venha a TAP, mesmo que seja com um voo semanal e que ofereça aos nossos emigrantes da Madeira os benefícios do programa Stopover, para que disfrutem de Lisboa a preços especiais e com os benefícios de quem voa para a Europa”, frisou Fernando Campos.
José Luís Ferreira, dirigente Associativo na Venezuela, lembra que a TAP tem maior peso financeiro para o Governo da República do que a saúde. “Que podemos esperar nós?”, questiona, recordando ainda que “as tarifas de e para a Venezuela sempre foram das mais caras do mundo.”
O madeirense faz um paralelismo entre o esforço das companhias aéreas espanholas, que conseguiram autorizam de várias viagens entre Madrid e Caracas, e o silêncio da TAP. “Nós não temos nem direito a voos especiais. A culpa não é do Governo da Madeira mas sim do Governo central”, sintetiza.
Por outro lado, Osvaldo Freitas presidente do Lar Padre Joaquim Ferreira, sediado em terras de Simón Bolívar, pede esclarecimentos junto dos deputados do PS eleitos pelo circulo da emigração. “Eles [deputados] devem saber porque razão a TAP transporta carga até à Venezuela mas não pode efetuar voos comerciais”, conclui.
Segundo a imprensa venezuelana o Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC) da Venezuela, autorizou quarta-feira as companhias aéreas Ibéria, Plus Ultra e Air Europa a realizarem voos especiais semanais entre 1 de novembro de 2021 e finais de janeiro de 2022.
Em 19 de outubro último o INAC prolongou, por tempo indeterminado, as restrições às operações aéreas internacionais em vigor no país, devido à quarentena preventiva da covid-19.
No entanto, segundo o INAC “de maneira excecional” estão apenas autorizadas “as operações aéreas comerciais para o transporte de passageiros, carga e correio” entre a Venezuela e a Turquia, o México, o Panamá, a República Dominicana, a Bolívia e a Rússia.
A restrição às operações aéreas na Venezuela começou em 12 de março de 2020, primeiro com os voos provenientes da Europa e da Colômbia, e depois a nível global, com o propósito de travar a pandemia da covid-19 no país.