António Costa
Primeiro-Ministro de Portugal
Este é o segundo Natal que vivemos em pandemia. Mais um Natal que temos de viver com todas as cautelas, porque o melhor presente que podemos oferecer a qualquer um dos nossos familiares e aos nossos amigos é proteger a sua saúde.
Bem sei que nem sempre é fácil. Há um ano, eu próprio passei a minha noite de Natal em solidão, em isolamento profilático. Longe da minha mulher, dos meus filhos, da minha mãe, de toda a minha família. Mas sei, todos sabemos que é difícil, verdadeiramente difícil é a dor de quem sofre a perda de um ente querido ou as provações de quem está doente, tantas vezes carecendo de internamento hospitalário.
São estas dores e provações que nenhum de nós quer sofrer e que todos desejamos que os que nos são mais queridos nunca sofram.
Nestes quase dois anos de pandemia todos aprendemos que cada um de nós só se protege, protegendo os outros, este espírito fraterno e solidário reforçando o nosso sentido de comunidade.
E nunca será demais agradecer o extraordinário civismo dos portugueses, na adoção das medidas de segurança ou na adesão em massa à vacinação
Faz depois de amanhã um ano que se iniciou o processo de vacinação. O nosso primeiro vacinado foi o professor António Sarmento, medico veterano do hospital de São João, que nos deu a todos o exemplo do que era necessário fazer. Foi um gesto de maior importância, para reforçar a confiança e motivação de todo o país. Desde então quase toda a população maior de 12 anos está vacinada, dois milhões e meio de pessoas já receberam a dose de reforço e iniciámos a vacinação das crianças dos 11 aos 5 anos.
Depois do incansável trabalho em 2020, depois da dramática vaga que tiveram de enfrentar em janeiro e fevereiro deste ano, os profissionais de saúde foram mais uma vez inexcedíveis, e neste caso, muito em especial os enfermeiros, na notável operação de vacinação.
Sei bem que posso falar em nome de todos os portugueses, sem exceção, dirigindo a todos os profissionais de saúde um muito, muito obrigado.
Esta vivencia tão intensa destes dois anos neste posto de comando só reforçou em mim o meu orgulho nos portugueses e a minha confiança no nosso sistema nacional de saúde.
A vacina provou ser a arma mais eficaz no combate à pandemia. Foi uma extraordinária vitória da ciência, mas a guerra ainda não acabou. Como sabemos, há milhões de seres humanos em todo o Mundo que ainda não tiveram acesso à vacina e, enquanto assim for, o vírus continuará ativo e persistirá o risco de se transformar em novas variantes. Por isso, é fundamental acelerar a vacinação à escala global e prosseguir o reforço vacinal em Portugal.
A pandemia nos afetou só a nossa saúde, tem tido um impacto brutal na nossa sociedade. No dia a dia da nossa vida, no processo formativo das nossas crianças e na solidão dos idosos, na prática do desporto amador ou de formação, em todo o setor da cultura, na atividade das empresas, no emprego, no rendimento das famílias.
As escolas, as entidades do setor solidário, as autarquias locais, o Estado e a União Europeia fizeram o possível – e até o que tantas vezes parecia impossível – para acorrer a todos nas diversas vicissitudes que enfrentaram.
Seguramente não conseguimos chegar sempre a tempo, nem sarámos ainda todas as feridas. Apesar de o emprego já ter recuperado plenamente e de termos retomado um crescimento robusto, não podemos perder o foco no esforço nacional de recuperação.
Devemos fazê-lo com a confiança de um Povo que, tendo superado cada etapa desta pandemia, é capaz de se superar, de encarar o futuro com esperança, continuando a ser extraordinário nos tempos de normalidade e tranquilidade porque todos ansiamos.
Portuguesas e Portugueses, teria muito mais a dizer. Mas neste período pré-eleitoral o primeiro ministro tem especial dever de ser contido. Por isso concentro-me no que mais nos preocupa e mais nos une: o combate a pandemia.
Finalmente, desejou um feliz Natal, com uma palavra de saudade para as comunidades portuguesas residentes no estrangeiro e de especial reconhecimento para todos os que nesta noite estão a trabalhar nos hospitais, nos lares, nas forças de segurança, nas forças armadas, nos serviços de transporte, e tantas outras atividades de trabalho continuo. A todas e a todos desejo um prospero ano novo.