À mesa de Natal dos portugueses

Bacalhau, carne, bolos de mel, pão-de-ló, são algumas das especialidades gastronómicas que compõem a mesa dos lusos na quadra natalícia

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Portugal é um país conhecido pelas suas muitas virtudes, entre as quais se destaca a sua gastronomia. E esta tem excelentes exemplos nos diversos pratos e doces que as famílias preparam as suas mesas na quadra natalícia.

O bacalhau, nos seus muitos modos de confecção, o polvo, o cabrito, a carne de vinha d’ alhos, as broas e os bolos de mel, os pastéis de nata, as castanhas, entre outros partos e doces, invadem o imaginário gastronómico na época dezembrina.
Na Venezuela, a numerosa comunidade lusa com o passar dos anos converteu-se em parte importante da sociedade venezuelana: como é de esperar, com ela veio também a sua gastronomia. Ainda que as ‘hallacas’ se tenham convertido numa parte relevante da sua dieta, nunca deixaram de preparar os pratos típicos do seu país natal.

Um bacalhau que lembra Câmara de Lobos
Maria Cecília de Barros é oriunda do Estreito de Câmara de Lobos, Ilha da Madeira. Chegou à Venezuela em 1971 e desde então começou a viver na zona de El Cafetal. Apesar de estar há muito tempo longe da sua terra, não foi capaz de se desprender das duas comidas típicas. “O bacalhau, as batatas, as ‘hallacas’, bolo de mel, broas de mel, o vinho, licor, carne vinha d’ alhos, fazem parte da minha cozinha”, comentou.
O bacalhau de escabeche é habitual na mesa da sua família durante o Natal. Assim se prepara: “fica de um dia para o outro em escabeche. Cozinho-o, depois pica-se a cebola, a salsa e o junta-se vinagre. Depois de cozer as batatas, coloca-las à parte e comer todo junto. Inclusivamente, preparo o pastel de bacalhau. Leva batata, e faço um surtido de pimentão, cebola, alho, creme de leite e, obviamente, o bacalhau. É como se fosse um pasticho”, descreveu.
Assim prepara a carne de vinha d’ alhos. “A carne deve estar como quatro dias em escabeche, para que fique bem curtida. Vinagre, alho, pimenta e depois cozida com pimpinelas e batatas. O passo seguinte é fazer uma torre de pão e servir”, acrescentou.
Quatro décadas a viver na Venezuela fizeram com que a ‘hallaca’ e o pernil se tornassem num costume caseiro. “Demorei uns três anos para comer as ‘hallacas’. Mas gostei. O meu esposo trouxe para a casa, comprou umas vinte. E com o tempo aprendi a prepara-las. Há dias comi uma. Este ano vai ser possível, só a falta de vontade levaria a não faze-las. O pernil aprendi-o a fazer aqui. Deito vinho da sagrada família, alho, repolho, cebolinho, azeitonas, alcaparra, e depois ponho-o numa bandeja e vai ao forno”, relatou.
O bolo preto é um dos doces preferidos em sua casa. “Faço-o com um quilo de farinha, um quilo de açúcar, nozes, fruta picadita, passas, mel, cravinho, canela, cacau e noz moscada”, indicou. O bolo de mel também. “Esse não o faço, compro-o ou é-me oferecido. Mas ainda tenho uns guardados por aí do ano passado”, disse, sorrindo.

 A carne de vinha d’ alhos manda na Calheta

Rosa de Fernandes Câmara é natural do sítio do Loreto, Arco de Calheta, Madeira. Com cerca de 50 anos na Venezuela, já criou raízes profundas, como atestam as suas três filhas nascidas em Caracas, mais especificamente em La Candelaria.
A carne, em distintas preparações, serem para compor o prato forte. “Lá come-se muito a carne de vinha d’ alhos, e também a carne no forno. Tiramos o pão, a 25 de Dezembro e metemos a carne com as suas batatas. É carne de vaca e carne de porco. Também comemos a canha de galinha”, comentou. Já o “bacalhau não tem um dia específico, mas é preparado em escabeche”, disse.
Gosta das ‘hallacas’ desde que chegou a este país. “Provei-a no mesmo ano em que cheguei. Não gostava tanto devido à folha mas gostava do sabor. Desde há 20 anos que a faço sempre. No ano passado fizemos 170”, disse.
Os doces não passam ao lado da mesa da sua casa. “As broas de mel, o bolo preto e o pão-de-ló é do mais tradicional que há. E aqui também fazemos tido isso”, acrescentou.

No norte de Portugal, a ‘penca’ é primordial
Maria Manuela de Sá Cardoso é natural de Santa Maria da Feira, em Aveiro. Vive desde há mais de 30 anos na Venezuela e actualmente reside na paróquia de La Candelaria, em Caracas.
A gastronomia cambia no continente português é distinta da Pérola do Atlântico. “Nós fazemos a penca ou couve do Natal, que leva batatas cozidas, bacalhau, que leva bastante cebola, e é o que comemos usualmente a 24 de Dezembro. O que sobra é aquecido no dia seguinte com azeite que já tem e é o que comemos. Também fazemos a perna de porco ou pernil, camarões e polvo”, explicou.
Os camarões e o polvo não têm uma preparação especial devido à zona. “Nós fazemos cozendo ou ‘al ajillo’, tal como se preparam noutros lados”, indicou.

O coelho é tradicional em nalgumas áreas de Portugal, e Aveiro é uma delas. “Fazemo-lo dependendo do gosto da pessoa”.
A preparação do bacalhau é muito similar à da Madeira. Não existem muitas diferenças. “Cozinha-se o bacalhau e à parte coloca-se as batatas e as verduras. Faz-se um surtido com cebola e coloca-se em cima do bacalhau, as batatas e as verduras quando estejam cozidas”, indicou.
Admite não ser adepta das ‘hallacas’. “Os meus filhos não são amantes das ‘hallacas’, eu tampouco. Assim que não as fazemos”, revelou.
Nesta quadra são realizados diversos tipos de doces. “Fazemos o pão-de-ló, bolo-rei, o pastel de abóbora, filhó, entre outras coisas”, disse. O bolo-rei é uma rosca feita à base de distintos tipos de fruta; o pão-de-ló é um bolo feito à base de ovos, farinha e açúcar, e as filhoses são similares à massa dos canelon

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