Norberto D’Abreu, artista plástico português especializado em retratística, residente em Barquisimeto, inaugurou no passado 1 de Dezembro, em Lisboa, uma nova exposição intitulada “Douradas Páginas Lusitanas – A mão que a Ocidente o véu rasgou”.
O espaço escolhido, o emblemático Palácio da Independência, local onde se reuniam os 40 conjurados que a 1 de Dezembro de 1640 restauraram a independência pátria, pondo no trono D. João IV, até então duque de Bragança, em substituição de Filipe III, um Habsburgo que apenas pensava nos interesses do eixo Viena-Madrid, situa-se no coração histórico de Lisboa. Com efeito, a sua localização privilegiada, entre o Teatro D. Maria II, no Rossio, e a igreja de São Domingos, na praça homónima, não poderia ser mais favorável para Norberto D’Abreu se apresentar perante o público nacional.
A inauguração da referida exposição, que contou com a presença de eminentes personalidades da cultura portuguesa, a par da antiga Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Dra. Manuela Aguiar, decorreu com grande solenidade e pompa. Ao som do hino da Restauração o presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, Dr. José de Alarcão Troni, ladeado pelos generais José Baptista Pereira e Alexandre de Sousa Pinto, bem com pelo almirante António Cavaleiro de Ferreira, teceu os maiores elogios à obra pictórica de Norberto D’Abreu e aos temas expostos perante um público tão selecto quanto conhecedor de arte. António Chrystêllo Tavares, antigo cônsul-geral em Valência, apresentou o artista plástico e contextualizou não apenas o seu percurso académico como, também, debruçou-se sobre a valia da obra quer em termos pictóricos quer iconográficos.
As 12 telas, primorosamente pintadas, abarcam um arco temporal que vai do século XII, com D. Afonso Henriques, primeiro monarca português, até Joaquim Mouzinho de Albuquerque, um herói das campanhas de África, em finais do século XIX, e que viria a ser o preceptor do malogrado príncipe-real D. Luís Filipe, assassinado conjuntamente com seu pai, El-Rei D. Carlos, a 1 de Fevereiro de 1908.
Norberto D’Abreu tem recebido os maiores elogios por parte do público anónimo e a crítica tem sido unânime em considerar esta exposição de elevado recorte técnico. Ainda que não tivesse recebido quaisquer apoios institucionais, apesar de estar a enobrecer as Artes nacionais e a contribuir para a divulgação do ideário pátrio, recuperando para as novas gerações nomes há muito caídos no olvido, como Isabel da Veiga (uma das heroínas de Diu), Alexandre da Serpa Pinto ou D. João de Castro, entre outros, este filho da diáspora – como gosta de referir – sente-se orgulhoso da terra dos seus avoengos e espera volver em 2015 a Lisboa para apresentar outros trabalhos.
Como foi salientado por Chrystêllo Tavares, ainda em 2012, quando decidiu dar voz lusitana à pintura de Norberto D’Abreu, socorrendo-se de um dos poemas de Fernando Pessoa, o artista plástico “cumpriu contra o destino o seu dever. Inutilmente? Não, porque o cumpriu”. Estes versos retirados da “Mensagem”, obra maior que todos os portugueses deveriam ter em suas casas, foram agora recuperados pelo mesmo diplomata para, uma vez mais, homenagear esse filho da diáspora que tanto honra a Venezuela onde nasceu como o Portugal de onde são naturais os seus pais e antepassados.
Até 15 de Dezembro a exposição poderá ser vista, diariamente, no Palácio da Independência, no centro histórico de Lisboa, a poucos metros do Rossio.