AGÊNCIA LUSA
O número de portugueses detidos nos últimos dias em manifestações contra o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Los Teques, no Estado de Miranda, a sul de Caracas, subiu para nove e os estabelecimentos saqueados para uma centena.
Fontes diplomáticas e policiais explicaram à agência Lusa que as detenções ocorreram desde a última quarta-feira e que três luso-venezuelanos estão detidos num batalhão da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) no Instituto Venezuelano de Investigações Científicas (IVIC), de onde vão ser transportados para prisões da região.
Fontes da comunidade portuguesa explicaram à Agência Lusa que as detenções ocorreram desde a última segunda-feira e que inicialmente os familiares foram dados por desaparecidos, vindo depois a verificar que tinham sido detidos pelas forças de segurança.
“Estamos a viver momentos de angústia, primeiro porque não sabíamos nada, estavam desaparecidos, e agora porque já sabemos que estão detidos e não sabemos como ajudá-los”, explicou o familiar de um dos detidos à Agência Lusa.
A comunidade está indecisa entre dar visibilidade às detenções, identificando os detidos, dar declarações aos jornalistas ou manter-se em silêncio, desconhecendo qual será a opção mais “benéfica” para os portugueses, temendo que possam vir a ser “acusados de terrorismo e submetidos a julgamentos em tribunais militares”, apesar de serem civis.
Por outro lado, segundo fontes da comunidade portuguesa local, entre 90 e 100 estabelecimentos comerciais foram saqueados na última semana, entre os quais restaurantes, supermercados, um centro comercial, armazéns, lojas de bebidas alcoólicas e charcutarias, propriedade de empresários luso-venezuelanos. Os saqueios ocorreram em diferentes dias e horas, alguns deles à noite, aproveitando os protestos.
Em pelo menos três localidades de Miranda, Los Teques, San António, San Pedro de los Altos, os populares mantêm um braço de ferro com as forças de segurança. As autoridades reprimem os manifestantes com recurso a gás lacrimogéneo e tiros de borracha, mas estes regressam após os ataques.
A oposição responsabiliza os “coletivos” (motociclistas armados afetos ao regime) pela violência e os saqueios e as forças de segurança de não atuar para deter os criminosos e o Partido Socialista Unido de Venezuela de proteger os irregulares. Por outro lado, o Governo acusa a oposição de instigar a violência local e adverte que os oposicionistas poderiam estar a perder o controlo.
Na Venezuela, as manifestações a favor e contra o Presidente Nicolás Maduro intensificaram-se desde 01 de abril, depois de o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), divulgar duas sentenças que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assumia as funções do parlamento.
Entre queixas sobre o aumento da repressão, os opositores manifestam-se ainda contra a convocatória a uma Assembleia Constituinte, feita a 01 de maio último pelo Presidente Nicolás Maduro.
Dados oficiais dão conta de que pelo menos 48 pessoas já morreram desde o início da crise.