Conversando com uma amiga acerca da realidade venezuelana, tema generalizado na população inteligente venezuelana, referia que no ano passado, dois polícias tinham sido assassinados em Nova Iorque. Isso gerou alarme entre diversas autoridades, desde o presidente da câmara, passando pelo governador, e até o presidente. Aqui, nesse mesmo de 2014, cerca de 121 polícias foram assassinados e não houve nada, nem remotamente parecido. Por outras palavras, é um assunto sem importância. Que as companhias aéreas tenham reduzido em cerca de 60% os seus voos, produto da dívida que o regime mantém com elas, isso não preocupa senão a população que necessita de viajar. Que a escassez de produtos é tão grande que as filas a nível nacional e inédita no país. Por certo muito normais na extinta URSS e noutras latitudes ex-socialistas. Tão-pouco preocupa. Que os medicamentos se tenham reduzido em quantidades alarmantes, quiçá em 60%. E até desaparecido do mercado, tão-pouco é preocupante, a não ser para quem precisa deles. Que no ano passado morreram nas mãos da criminalidade quase 25.000 venezuelanos, tão-pouco é para se alarmar. Que comprar um veículo novo ou uma modesta casa é inalcançável não só para o mais comum dos cidadãos. A minha amiga, sem se alterar, olhou-me como que se não vivesse neste país. Ou como se lhe estivesse relatando uma história de ciência ficção, ou que o que lhe estava dizer tinha mais a ver com um filme de terror de Stephen Edwin King. Ficou em silêncio. Não porque tenha alguma afinidade com o pesadelo que vivemos todos, atitude que é comum entre os que apoiam esta desgraça de governo. Nem muito menos alguma solidariedade com os responsáveis do pesadelo: a dupla Chávez – Maduro. A verdade é que, como funcionaria pública, teme expressar a sua opinião, sob pena de ser despedida. Dizia Martin Luther King: «Não me preocupa o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem ética. O que mais me preocupa é o silêncio dos bons».