Ler está na moda: Onde estão os livros portugueses em Caracas?

Eis uma pergunta que muitos leitores fazem quando visitam livrarias Caracas. O CORREIO visitou estabelecimentos especializados na capital para avaliar a oferta e a procura pela literatura lusitana

0
1145

Estudantes de língua portuguesa, professores, amantes dos clássicos, pesquisadores do moderno ou leitores em geral enfrentam uma situação comum: não conseguem textos suficientes. Se pugnamos pela divulgação da cultura e a promoção do seu legado, então esta é uma situação que merece a atenção do nosso semanário.

A oferta
À entrada surpreende gratamente a existência na livraria El Buscón de um exemplar de colecção de Os Lusíadas, obra escrita pelo legendário Camões. Neste estabelecimento há numerosos livros inusuais, primeiras edições, textos novos e de segunda-mão, mas apenas um escrito em português, o qual já é um ponto a seu favor porque foi o único lugar onde se encontrou um livro dum autor lusitano escrito na sua língua materna. Pedro Briceño, vendedor de El Buscón, observa que o resto da oferta consiste em livros de autores portugueses mas editados em castelhano.

Na Sopa de Letras constatámos mais do mesmo. “Temos o básico mas orgulhamo-nos disso. As pessoas adoram levar os livros de Fernando Pessoa, José Saramago, António Lobo Antunes e uma compilação de poemas traduzidos”, explica Libia Caballero, junto a um cartaz de Pessoa que adorna o estabelecimento onde trabalha.

Félix Blanco, livreiro de Kalathos, conta que “tem em português mas de autores brasileiros, como Clarice Lispector e vários poetas”, observando que já teve “antes, com a Biblioteca Ayacucho”.

Assunto de editoriales
Além da tríade Pessoa-Saramago-Lobo Antunes, a livraria Alejandría II “alberga obras de vários escritores contemporâneos, como o escritor português nascido em Luanda, Gonçalo M. Tavares”, explica Rodnei Casares, livreiro no estabelecimento acima referido, observando que as “as editoras que com mais frequência possuem títulos portugueses são a Mondadori, Alfaguara, Debates e Acantilado.”

Precisamente sobre o tema editorial, refere Jorge Peña, um dos compradores de Ofimanía, um estabelecimento em papelaria e materiais de escritório mas com uma crescente gama de livros. Peña observa que “as casas nacionais mais conhecidas não têm nos seus catálogos um stock variado de livros em português; salvo excepções como Ediciones Larousse, que possui com os seus dicionários e livros que ajudam a aprender o idioma de Camões, assim como Producciones Venezuela, que dispõe (a meu ver) de um valioso e prático livro para adquirir num nível avançado da língua”.

No entanto, o gerente da livraria El Mundo del Libro, Rubén Rodríguez, defende que “o público quer mais que o dicionário bilingue ou os autores clássicos, porque são maravilhosos e porque a literatura portuguesa é muito mais ampla”. Neste sentido, Juan de Gouveia, vendedor na referia livraria concluiu que “o problema está na oferta, não na procura”.

Outro ponto em que coincidem todos os entrevistados é no seu desejo de abrir novos caminhos para a importação de obras portuguesas nos dois idiomas. A este respeito, Garcilazo Pumar da livraria Lugar Común tem entre os seus projectos ampliar o seu mercado aos títulos lusitanos.

Coordenadas para ler
– Livraria Sopa de Letras. Hacienda La Trinidad Parque Cultural. Urb. Sorokaima. La Trinidad.
– Livraria El Mundo del Libro. Urb. Los Chaguaramos, Edif. Don Paco. Parroquia San Pedro.
– Livraria Lugar Común. Altamira Sur, Edificio Humboldt, Nivel PB.
– Livraria Alejandría II. Centro Comercial Paseo Las Mercedes, Nivel PB.
– Livraria El Buscón. Centro Comercial Paseo Las Mercedes, Nivel Trasnocho Cultural
– Livraria Kalathos. Centro de Arte Los Galpones. 8va. transversal de Los Chorros cruce con Av. Ávila.

Dejar respuesta

Please enter your comment!
Please enter your name here