ONG quer imigrantes portugueses a combater violência de género

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A organização não-governamental venezuelana Empodérame, que promove a participação e protagonismo da mulher como agente de mudança social, apelou à comunidade portuguesa no país para que tenha uma participação mais ativa no combate à violência contra as mulheres.

«Acomunidade portuguesa é das maiores no nosso país e todos podemos fazer algo a partir dos nossos espaços», disse a presidente da «Empodérame», uma ONG que promove a participação e protagonismo das mulheres como agentes de mudança na sociedade.

Eva Sabariego explicou, em declarações à Agência Lusa em Caracas, que, muitas vezes as pessoas, pensam que «o empoderamento é só para mulheres e organizações da sociedade civil» mas que, «na esfera pública ou privada, todos podemos contribuir para dar poder às mulheres, adolescentes e raparigas».

«Seria muito valioso para nós que partilhar as boas práticas políticas que têm sido feitas nos vossos países, para que os adaptemos à nossa realidade (…) esse intercâmbio de informações, de políticas públicas e instrumentos que funcionam nos países europeus pode ajudar-nos», frisou.

Politóloga de profissão, Eva Sabariego explicou que desde 2017 que a «Empodérame» leva a cabo «programas de formação, de transferência de ferramentas, conhecimento e habilidades» as mulheres, de diferentes idades, para que possam «conhecer-se a si mesmas, descobrir o seu potencial e desenvolvê-lo», um processo que conta também com o apoio de homens.

«Todas as mulheres têm o potencial para realizar os nossos sonhos, objetivos, para contribuir com coisas valiosas para a sociedade e, no que diz respeito aos homens, há ainda muito trabalho a fazer, para os sensibilizar, para que compreendam que não queremos competir com eles ou tirar-lhes espaços. Queremos dar fazer aportes, mas acima de tudo que nos tenham em conta nos processos de tomada de decisão no nosso país», disse.

Sobre a violência de género, a presidente da ONG diz que «ainda há mulheres, vítimas, que acreditam que merecem o que acontece, e na sociedade há um processo de vitimização» que induz a acreditar «que a vítima é culpada do que lhe acontece».

Por isso, o processo passa por «tornar as mulheres conscientes do seu próprio valor, e gerar um nível de consciência na sociedade, de incutir uma cultura de paz onde os homens respeitem as mulheres e as mulheres respeitem os homens» para «construir uma sociedade mais justa e equitativa».

Também dar-lhes ferramentas para que saibam como atuar, onde recorrer e quais os pontos de alerta perante situações de riscos, como tomar decisões e conhecer as redes de apoio.

«O trabalho por fazer é imenso, não apenas de maneira individual, mas com instituições públicas, para sensibilizar os funcionários públicos para que, quando recebam uma queixa, saibam que a vítima não é responsável, que sigam os procedimentos, realizem as investigações e punam os responsáveis», frisou.

No entanto, diz que «há muitos homens que estão a mudar» e como exemplo diz que 50% a direção da Empodérame está composta por cavalheiros.

«A imprensa tem um papel muito importante no posicionamento de novas lideranças, na divulgação do trabalho que as mulheres fazem, em dar-lhes visibilidade e apoiá-las nas diferentes causas e lutas que têm», frisou.

Eva Sabariego explicou ainda que «a juventude venezuelana está a fazer coisas maravilhosas» seu país, apesar de viver «num contexto onde muitas vezes as coisas más têm mais publicidade», sublinhando que, «na Venezuela, há organizações lideradas por jovens que estão a fazer coisas incríveis, que estão a trabalhar para responder às necessidades das pessoas».

Apesar da situação interna, a presidente da Empodérame diz que «há esperança para o país», mas também muitas coisas para superar e chegar a um consenso, desde o ponto de vista político, social, e económico, «decisões que têm de ser tomadas».

Por isso, aproveitou a oportunidade para enviar uma mensagem aos venezuelanos que emigraram nos últimos anos de que «existe uma juventude (na Venezuela), comprometida e convencida de que o país pode mudar».

«Gostaria de dizer, aos nossos irmãos que estão fora (no estrangeiro), que estão na Europa e no mundo, que há aqui homens e mulheres venezuelanos, que lutam para que regressem e para que nos reencontremos como país e como uma nação, e erguer-nos das cinzas», concluiu.

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