Pedro Homem de Mello nasceu no Porto, a 6 de Setembro de 1904 e nesta mesma cidade veio a falecer, a 5 de Março de 1984. Nasceu e cresceu no seio duma família fidalga, foi educado segundo os ideais monárquicos, católicos e conservadores, ainda que desde a sua juventude tivesse demonstrado interesse pelo social, comprometeu-se com o seu povo e isso reflectiu-se na sua poesia.
Estudou direito em Coimbra e acabou a curso em Lisboa, em 1926. Exerceu a sua profissão, foi subdelegado do Procurador da República, colaborou com a revista Presença e foi professor de português em escolas técnicas do Porto (Mouzinho da Silveira, da qual foi director, e na do Infante D. Henrique).
Também, foi um grande investigador e divulgador do folclore português, inclusivamente criou, organizou e apoiou diversos certames folclóricos da região do Minho. Além disso, durante a década dos ‘60 e ‘70, foi o criador e apresentador dum popular programa da RTP sobre o folclore.
Povo que lavas no rio,
Que vais às feiras e à tenda,
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão,
Pode haver quem te defenda,
Quem turve o teu ar sadio,
Quem compre o teu chão sagrado,
Mas a tua vida, não!
Meu cravo branco na orelha!
Minha camélia vermelha!
Meu verde manjericão!
Ó natureza vadia!
Vejo uma fotografia…
Mas a tua vida, não!
Fui ter à mesa redonda,
Bebendo em malga que esconda
O beijo, de mão em mão…
Água pura, fruto agreste,
Fora o vinho que me deste,
Mas a tua vida, não!
Procissões de praia e monte,
Areais, píncaros, passos
Atrás dos quais os meus vão!
Que é dos cântaros da fonte?
Guardo o jeito desses braços…
Mas a tua vida, não!
(…)
Este poema escrito Pedro Homem de Mello é um dos temas mais famosos da sua obra, imortalizado por Amália Rodrigues. É um clássico, afirmamos sem dúvidas. Representa o interesse do autor por mostrar a situação que se vivia económica e socialmente Portugal na época da ditadura salazarista.