Ommyra Moreno Suárez
Calaveritas
A peça do grupo Teatro Nueva Era, escrita por Renata Daza e Castor Índigo e dirigida por Jennifer Gásperi, é uma obra infantil que não tem problemas em falar sobre a morte como um assunto natural. Na cena, Lupe, a protagonista, deseja reencontrar-se com a sua avó falecida usando o poder da palavra, sendo que os mais novos estão convidados a se relacionarem com os que desfrutam de uma aventura recriada no Dia dos Mortos, uma comemoração tradicional de origem mesoamericana que comemora os defuntos. Ainda assim, os mais pequenos terão a oportunidade de escrever uma carta a um familiar querido, ou inclusive a aqueles que já passaram para um mundo melhor, assim como as personagens da fantasia que fizeram parte da sua infância, como o Pai Natal, o Menino Jesus, os Reis Magos. Conta com a ajuda de Frida Calavera e de Lupe para levá-lo mais além.
Fango negro
O município de Chacao, em Caracas, foi o cenário escolhido para o espetáculo Fango Negro, Teatro no Autocarro, uma proposta hiper-realista do dramaturgo venezuelano José Gabriel Núñez, que tem lugar num autocarro que parte da Plaza Altamira todas as sextas às 20h00 e aos sábados às 19h00. Dirigida por Daniel Uribe, com a produção de Marcos Purroy, a obra desenvolve-se entre dois espaços cénicos, um autocarro e o bar “The Pleasure Girl”, localizado na 3ª transversal de Altamira – para contar a história urbana de um soldado que realiza uma viagem à procura da sua mulher e ao encontra-la descobre que esta agora é uma empregada de mesa de um bar. Durante o passeio, os espetadores vão encontrar diversas personagens do quotidiano urbano, entrando no submundo do bar onde, entre um concurso de baile e um show travesti, se dá o encontro dos protagonistas.
As Inquilinas
A cena cómica “As Inquilinas”, baseia-se num conto homónimo de Salvador Fleján, coescrita pelo mesmo autor, juntamente com Mario Neto. A montagem propõe um olhar voyeurista sobre o ecossistema que vivem os casais em crise no contexto de uma sociedade incerta e muito variável, mas saturada de receitas para o “bom viver”. Os espetadores vão poder desfrutar de um humor ligeiro e jocoso, concebido essencialmente para entreter e divertir. Sob um ambiente de sarcasmo, os personagens enfrentam tabus, limitações e inseguranças muito arriscadas na nossa cultura ocidental. A obra procura desfazer o tempo para voltarmos ao país onde fomos felizes. Mas nunca cruza o que continua a transformar. A nação que já passou os ingénuos anos oitenta. E é esta nostalgia por melhores momentos que agrava a incapacidade dos seus personagens para assumir a realidade atual. A obra apresenta-se no Pent House Oeste do Centro Cultural BOD e continua em palco até domingo 18 de dezembro de 2016, às sextas *as 19h00 e aos sábados e domingos às 17h00.