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1.- A Venezuela anunciou esta semana ao mundo a subida do preço dos combustíveis e a desvalorização do bolívar, como remédios para debelar a crise económico-financeira que se vive no País e que o coloca no final da lista dos países produtores de petróleo.
O Presidente da República assumiu pessoalmente o ónus desta decisão, a última de uma série de medidas que se têm mostrado inadequadas e ineficazes, sem reflexos na retoma da produção e na melhoria do nível de vida dos venezuelanos.
Entre essas medidas conta-se a declaração de emergência económica, um projecto de lei que Nicolas Maduro queria ver aprovado num Parlamento dominado pela oposição ao seu governo. Irrealista, mostra que o pior cego é aquele que não quer ver…
Já pouco haverá a fazer para retomar a sustentabilidade económica deste País. As medidas que têm de ser tomadas agora devem ser estruturais, de mudança de paradigma, de forma que a Venezuela reconquiste de forma coordenada os seus meios produtivos e para que o abastecimento alimentar volte a estar novamente controlado.
A política que esgrime acusações, inventa golpes, cria intentonas e empobrece o País tem de ceder lugar à discussão de argumentos, à procura de pontos de convergência, à solidariedade entre os venezuelanos e à obtenção de acordos e de compromissos que devolvam esperança à Venezuela e o futuro aos Venezuelanos.
Por este andar, com mais seis mil por cento no preço da gasolina e com uma falta assustadora de divisas com os câmbios novamente alterados por decreto, não há luz no fundo do túnel, nem esta é a política que a maioria dos Venezuelanos que votaram em Dezembro passado pretende para o seu País.
Maduro disse que a Venezuela está a ser bloqueada financeiramente a partir do estrangeiro e acusou a oposição de ter instalado «um sistema de pressão contra o povo». A frase fica bonita numa acção de campanha eleitoral. Mas é irrealista, em qualquer país do mundo, que conhece minimamente a situação que se vive em Venezuela.
As acusações “contra o inimigo externo” perdem sentido quando acompanhamos atentamente o que agora se pretende denominar de “Agenda Económica Bolivariana”.
Contudo, continuamos com esperança, porque essa é a última a morrer. Lutando, nem que seja em silêncio, para que este País que nós, Imigrantes em Venezuela, ajudámos a construir e a crescer, com trabalho, suor e lágrimas, retome o seu caminho e produza o pão e a riqueza a que todos temos direito.
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2.- A queda do BANIF – Banco Internacional do Funchal, com grande tradição entre a Diáspora Portuguesa, e particularmente na Venezuela, dada a origem da maioria dos seus elementos, pode transformar-se num caso ainda mais complicado do que o do ex-BES, agora Novo Banco, em que muitos Portugueses que vivem no estrangeiro perderam as suas economias, ao subscrever papéis comerciais, ditos tóxicos, que caíram com a liquidação do banco da família Espírito Santo, agora a contas com a Justiça em Portugal.
Como tem acontecido nestes casos, as perdas maiores recaem sobre os investidores, que na sua maioria, colocaram poupanças de uma vida de trabalho à guarda de uma entidade que, supostamente era séria e que velava pelos interesses dos seus aforradores. Muitas vezes, e resultado de uma certa iliteracia – pois nem todos têm capacidade para interpretarem os mercados, nem para preverem o seu andamento – os emigrantes confiavam nos funcionários bancários e colocavam nas suas mãos o que tinham poupado.
Foi desta forma que, também forçados para atingirem objectivos dentro das estruturas bancárias, muito seguiram cegamente o que os departamentos das instituições de crédito criavam como produtos mais adequados para servir os seus clientes.
Houve em todos estes processos uma sequente cadeia de erros e omissões, porventura um posicionamento enganoso face a clientes que pretendiam também os melhores juros e dividendos para as suas poupanças. Poucos explicaram o que se passava e a “bomba” rebentou-lhes nas mãos, consumindo o dinheiro dos clientes que confiaram nesses bancos.
Portugal ficou a saber na semana passada que o rombo é muito grande, também no banco com sede na ilha da Madeira. Todavia, as últimas notícias, em relação ao ex-Banif são mais animadoras. Há milhões de euros de emigrantes portugueses, nomeadamente nas agências da Madeira e dos Açores, dinheiro cujo retorno não está assegurado. O presidente do Santander Totta, banco que ficou com o Banif, mostrou disposição para encontrar uma solução para todos, mesmo os accionistas do banco madeirense, mas já foi avisando que ninguém pense receber a totalidade do dinheiro investido.
A outra boa notícia é o grande empenho demonstrado pelos presidentes dos Governos Regionais dos Açores e da Madeira e pelo próprio Governo em Lisboa, para encontrar uma solução que seja menos penalizadora para quem hoje, continua a reclamar as suas poupanças.
É preciso prestar atenção aos próximos desenvolvimentos.
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