Miguel Silva / Miguel Fernandes Luís / DN MADEIRA
O Governo e o Banco de Portugal decidiram vender a participação maioritária do Estado no Banif e da maior parte dos activos e passivos ao banco espanhol Santander Totta por 150 milhões de euros, anunciaram, na noite de domingo, 20 de Dezembro, o supervisor bancário e primeiro-ministro, António Costa.
“Segunda-feira os balcões abrirão com normalidade, sob controlo de uma instituição bancária reconhecida e credível”, disse o chefe do governo numa conferência de imprensa realizada perto da meia noite.
Estado injecta 2,2 mil milhões
A alienação foi tomada “no contexto de uma medida de resolução” pelas “imposições das instituições europeias e inviabilização da venda voluntária do Banif”, segundo o comunicado. Está prevista uma injecção de dinheiros públicos no valor de 2,2 mil milhões de euros e no negócio não estão os activos problemáticos.
“Esta solução garante a total protecção das poupanças das famílias e das empresas confiadas ao Banif, quer depósitos, quer obrigações seniores, bem como o financiamento à economia e a continuação dos serviços financeiros até aqui prestados”, referiu o Banco de Portugal, acrescentando que vai manter-se o normal funcionamento dos serviços até agora prestados pela instituição.
Os clientes do Banif passam a ser clientes do Banco Santander Totta e as agências do Banif passar a ser agências do banco que comprou a sua actividade, pode ler-se no texto. Segundo o chefe do executivo, a opção do Governo e do Banco de Portugal teve em conta a protecção dos depositantes, a defesa dos postos de trabalho e a economia das regiões autónomas. Acrescentou que a operação defende também os depósitos dos emigrantes portugueses, mesmo que tenham sido feitas fora do território nacional.
Costa reconheceu que esta venda tem um “custo muito elevado para os contribuintes portugueses”. No entanto, disse que foi a “a solução que melhor defende o interesse nacional”
O primeiro-ministro disse ainda que quando o actual Governo tomou posse, há pouco mais de três semanas foi confrontado com uma urgência neste dossier, que lembrou António Costa, era conhecida pelas autoridades portuguesas há mais de um ano. “Desde Janeiro de 2013”, acrescentou Costa, que o Estado detém a maioria do capital do Banif “e sabia que estava obrigado a apresentar e a fazer aprovar um plano de reestruturação” do banco. “Há mais de um ano que as autoridades portuguesas foram notificadas que após rejeição de planos” a Comissão Europeia “fixou prazo até Março deste ano para a apresentação de um plano credível. “No entanto, passados nove meses nada estava solucionado e isso conduziu a que as instituições comunitárias instassem as autoridades nacionais a apresentarem até final do dia de hoje [domingo] uma solução, sob pena de o Banif deixar de ter soluções para operar no mercado”, lembrou António Costa. *COM LUSA
Santander Passa a ter cerca de 60 balcões
O negócio agora anunciado transforma o Santander Totta no maior grupo bancário a operar na Madeira, com cerca de 60 balcões. Na Região, até agora, o Santander Totta geria 19 agências e um total de cerca de uma centena de funcionários. O director é Vitor Calado, irmão do ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Funchal. Com a aquisição do Banif, somam-se a estes mais cerca de quatro dezenas de balcões do Banif.
O Banif, em processo de reestruturação desde 2012, é o sétimo maior grupo bancário português e é líder de mercado nos Açores e na Madeira. Tem também uma forte implantação junto das comunidades de emigrantes madeirenses, em especial na Venezuela, o que constitui uma mais-valia para o Santander.
Antes desta decisão do Governo, a administração do banco recebeu, na sexta-feira, seis propostas de compra. Foram conhecidas as ofertas dos bancos Santander e Popular, do fundo de investimento americano J. C. Flower, da Apollo e de um fundo sino-americano.